Fonte solar lidera em projetos no Leilão de Energia Nova A-5

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Os projetos de usinas  fotovoltaicas cadastrados no Leilão de Energia Nova (LEN) A-5 de 2021, marcado para o dia 30 de setembro, lideram a oferta disponível para contratação pelas distribuidoras de energia, respondendo por cerca de 35% de toda a potência disponível na concorrência. A expectativa da Absolar é de que a energia solar seja tenha os menores preços-médios entre todas as fontes.

Nos últimos leilões em que participaram, realizados em 08 de julho, as usinas solares venderam 21,4 MW médios, de 99 MW médios contratados no total no A-3, e 16 MW médios, de 84 MW médios contratados no total, incluindo outras fontes, no A-4. Foram viabilizados 169 MW de capacidade fotovoltaica e 47,2 MW médios (parte para o mercado livre) no A-3 e 100 MW de capacidade 29,8 MW médios de garantia física no A-4. A fonte ofertou o menor preço em ambas as concorrências.

Capacidade solar cadastrada no leilão A-5 de 2021, por estado. (Fonte: Aneel)O leilão conta com a participação de empreendimentos solares fotovoltaicos, eólicos, hidrelétricos e termelétricos a biomassa. Ao todo, foram cadastrados 1.694 projetos, totalizando 93,8 GW de potência, o equivalente a mais da metade da potência atual da matriz elétrica brasileira. A fonte solar fotovoltaica foi destaque, com o cadastro de 835 projetos, totalizando 32,4 GW de potência.

Com a alta oferta e a baixa perspectiva de crescimento econômico nos próximos anos, além de incertezas das distribuidoras sobre o crescimento de seus mercados cativos, é esperada uma concorrência acirrada pelos contratos, com vigência de 15 anos. O preço-teto é de R$ 191/MWh. Cabe lembrar que um leilão A-5 – que contrata energia para entrega em cinco anos, a partir de 2026 – já foi realizado neste ano, contratando apenas 64,2 MW médios de uma usina a gás natural liquefeito.

Acirrando ainda mais a disputa, está a capacidade limitada de escoamento do Sistema Interligado Nacional. Dados da nota técnica conjunta entre EPE e ONS sobre a capacidade de escoamento remanescente no SIN para o horizonte de contratos do leilão A-5 evidenciam a disputa também pela conexão ao sistema, sem a qual os projetos não podem vender energia na concorrência. A Bahia, que conta com mais de 8 GW de projetos solares cadastrados, por exemplo, a maior parte da oferta da fonte, tem a disponibilidade física para conectar até 2,2 GW:

Capacidade de escoamento remanescente no SIN para o LEN A-5/2021 (MW)

imagen: pv magazine

Para o vice-presidente de Geração Centralizada da Absolar, Anderson Garofalo, a fonte solar é uma das melhores soluções para a expansão da capacidade de geração de energia elétrica renovável do Brasil, especialmente neste período crítico de crise hídrica, com nova bandeira tarifária e importação de energia. “Com a versatilidade e agilidade da tecnologia solar, uma usina fotovoltaica de grande porte fica operacional em menos de 18 meses, desde o leilão até o início da geração de energia elétrica”, comenta. “Por isso, se os leilões cancelados no passado recente tivessem contratado energia solar, o cenário atual estaria menos crítico”, avalia.

A potência instalada das grandes usinas solares fotovoltaicas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) acaba de ultrapassar a soma das usinas termelétricas fósseis à carvão mineral. De acordo com mapeamento, são 3,8 GW de potência instalada da fonte solar nas grandes usinas, ante um total de 3,6 GW de termelétricas movidas a carvão mineral. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 20,5 bilhões em novos investimentos e geraram mais de 114 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.

Em 2019, a solar foi a fonte mais competitiva entre as renováveis nos dois LEN A-4 e A-6, com preços-médios abaixo dos US$ 21,00/MWh. Em julho de 2021, repetiu o feito nos LE

N A-3 e A-4, com os menores preços-médios dos dois leilões, abaixo dos US$ 26,00/MWh. Com isso, a solar consolidou a posição de fonte renovável mais barata do Brasil.

Para o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, a situação crítica de escassez hídrica, com elevados reajustes tarifários na conta de luz, reforça o papel estratégico da energia solar como parte da solução para diversificar e fortalecer o suprimento de eletricidade no País, fundamental para a retomada do crescimento econômico nacional.

“As grandes usinas solares geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, esclarece. “Diante da crise e da nova bandeira de escassez hídrica é fundamental que o Governo Federal acelere a energia solar no Brasil, para diversificar a matriz elétrica e baratear a energia para a população e os setores produtivos”, acrescenta Sauaia.