Viabilidade econômica de baterias antes do medidor

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Com preços a partir de R$ 2.000/kWh, o uso de baterias antes do medidor para gestão de consumo de consumidores com tarifa branca ou A4 – verde já se torna competitivo na maior parte dos casos, estima a Empresa de Pesquisa Energética em estudo que integra o Plano Nacional de Expansão de Energia 2032. Esse patamar de preço das baterias deve ser atingido, se o ritmo atual de queda for mantido, em 2030.

Fonte: EPE

Embora não exista atulamente uma regulação específica para o uso de baterias com injeção de energia na rede, é possível que o consumidor utilize o equipamento para fazer uma gestão interna do seu consumo e geração, antes do medidor. 

Gestão do consumo com tarifa branca para consumidores atendidos em baixa tensão (BT)

Desde 2018, consumidores atendidos em baixa tensão podem optar pela Tarifa Branca, com diferentes patamares tarifários ao longo do dia. As baterias podem ser utilizadas para deslocar o consumo da ponta, período em que a tarifa é mais alta, para fora da ponta. Quanto maior a diferença entre as tarifas, maior a atratividade. A maior diferença entre tarifa ponta e a tarifa fora ponta ocorre na área de concessão da Celpa, no Pará. 

Com o preço atual de R$ 4.000/kW (estimativa das consultorias Greener e New Charge, referente a preços praticados em 2021), a aplicação é inviável economicamente para todos os consumidores simulados e em todas as distribuidoras.

Mas com preço de R$ 2.000/kWh, a solução passa a ser economicamente viável em algumas distribuidoras. O valor presente líquido (VPL) das baterias passa a ser positivo nas áreas de concessão da Eflul, cooperativa de distribuição de Urussanga (SC), da Cocel, cooperativa de Campo Largo (PR), Equatorial Pará, Energisa Nova Friburgo, Energisa Tocantins, Energisa Acre e Eletrocar.

Para essa aplicação, o melhor resultado médio foi de sistemas de armazenamento dimensionados com potência de 2 kW e capacidade de armazenamento de 8 kWh.

Gestão do consumo com tarifa A4 – Verde para consumidores em média tensão

Consumidores atendidos em alta tensão tem tarifas horo-sazonais, com diferença entre horário de ponta e fora ponta. Assim como no caso da tarifa branca, as baterias podem ser utilizadas para deslocar o consumo da ponta para fora da ponta. No entanto, muitos consumidores que se enquadram nesse regime tarifário utilizam geradores a diesel para evitar o consumo no horário de ponta. Em 2015, a EPE estimou entre 7-9 GW de geradores para esse fim. 

Para consumidores com alto fator de carga na ponta, já pode ser viável a instalação de baterias em algumas distribuidoras com o preço atual.

Com um custo de baterias próximo de R$ 2.000/kWh, as baterias já configuram uma solução equivalente aos geradores a diesel. A partir de R$ 1.000/ kWh, a gestão de consumo com baterias se torna economicamente viável para a maior parte dos consumidores enquadrados na tarifa A4 – verde. 

O aumento do preço dos combustíveis verificado no último ano reduziu a competitividade da geração a diesel para evitar a tarifa de ponta.  Adicionalmente, outros fatores, como aspectos elétricos, redução do ruído, logística de obtenção do diesel e questões ambientais podem estimular a troca do diesel por baterias. 

Para essa aplicação, o melhor resultado médio foi de baterias dimensionadas com potência de 8 kW e capacidade de armazenamento de 18 kWh.

Geração distribuída

Na avaliação da EPE, a Lei 14.300 não incentiva o uso de baterias em sistemas de micor e minigeração distribuída. A lei mudou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, passando a prever um pequeno e gradual desconto sobre a energia injetada na rede. Com isso, há pouco ganho para ser capturado com a instalação de uma bateria.  

As baterias podem ser utilizadas para evitar a injeção na rede, armazenando o excedente da geração para consumo posterior. No entanto, a diferença entre a tarifa de consumo e a remuneração pela injeção na rede continua sendo baixa.

Tributação 

Uma política de incentivo fiscal poderia acelerar a queda de preços das baterias no Brasil. A EPE estima que a carga tributária atualmente incidente sobre as baterias aumenta em 74% o preço final desses equipamentos no país: 

Fonte: EPE

O caderno, incluindo a metodologia detalhada e referências, pode ser acessado aqui