De olho na crescente necessidade do setor solar de fechar o ciclo de vida útil dos seus equipamentos, a SunR começou a ofertar neste ano o serviço de reciclagem para os agentes no Brasil, especialmente distribuidores de equipamentos e integradores de usinas. Desde o início de 2021, a empresa recebeu 30 toneladas de equipamentos e prevê receber mais 125 toneladas que devem ser destinadas para reciclagem ou descarte adequado. Ao todo, há mais de 100 solicitações de descarte de todo o Brasil, que representam uma demanda de 300 toneladas.
Apesar de a maior parte dos equipamentos no Brasil ter sido instalada nos últimos cinco anos, já existe uma demanda considerável por reciclagem. Principalmente de equipamentos que sofreram algum acidente, que pode ocorrer desde o transporte até a pós-instalação, ou que não passaram em testes de qualidade. A SunR estima que para 500 mil toneladas de equipamentos instalados no país – considerando 9 GW instalados – foram geradas 40 mil toneladas de materiais descartados. Esse material teria uma valor de mercado aproximado de US$ 20 milhões, estima o CEO da empresa.
“Um dos principais problemas do Brasil é o descarte inadequado, não a oferta de reciclagem. Oferecemos uma solução mais adequada e mais barata que o aterro ou a incineração”, diz Gasparini. Mas o maior de todos os desafios, avalia, é logístico.
A companhia acredita ser a primeira a ofertar os serviços de reciclagem e logística reversa para equipamentos fotovoltaicos no Brasil. A aposta é fechar parceria com integradores que prestam serviços de desinstalação e podem passar a ofertar também a logística reversa. A viabiliza o rateio dos custos logísticos de ambos os serviços, diminuindo o preço final para o consumidor. O material coletado é descaracterizado, gerando receita na venda de seus componentes.
A SunR começou a ser estruturada estrategicamente em janeiro de 2020. O CEO da empresa, Leonardo Gasparini, conta que ficou impressionado com os números e o crescimento do mercado brasileiro, após participar de uma edição do congresso Intersolar, em São Paulo.
“Saí pensando no que aconteceria com todos esses equipamentos em alguns anos. Eu trabalhava com P&D de VEs e resolvi pesquisar sobre esse tema. Encontrei a PV Cycle, que é uma rede de pesquisadores com o intuito de fomentar a reciclagem dos painéis. E estudando mais percebi que já existia essa demanda no país”.
A companhia está sediada em Vinhedo (SP), onde faz o desmonte parcial dos paineis e a recuperação do alumínio e cabos de cobre, o correspondente a 19% da composição dos painéis, aproximadamente. “O maior desafio é tirar o vidro, que adiciona peso e dificulta a logística de envio dos materiais”, diz Gasparini. Além dos módulos fotovoltaicos, a companhia também recebe inversores, trackers e outros equipamentos dos sistemas de geração solar.
Aproximadamente 70% do peso do painel é do vidro e 18% é de alumínio. O painel ainda tem materiais recicláveis como plástico, silício, cobre, prata e estanho.
PNRS e logística reversa
Atualmente, não há uma regulação ou política de reciclagem específica para o setor solar no Brasil. O que existe é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o decreto 10.240, que regulamenta a logística reversa de eletrônicos no Brasil – que incluiu o painel fotovoltaico entre os produtos objetos de logística reversa. “Isso é um tema que está em discussão no setor, se faz sentido incluir os paineis fotovoltaicos em uma regra que vale para computadores ou máquinas de lavar”, comenta.
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