Solar corresponde a mais da metade da expansão da geração centralizada até 2026

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Enquanto os leilões de energia nova realizados pelo governo sinalizam pouca demanda, o mercado livre concentra a maior parte da expansão prevista para solar nos próximos anos. De acordo com estudo da Abraceel e dados da Aneel, A fonte fotovoltaica representa 57% da expansão da oferta de energia elétrica prevista entre 2022 e 2026 – ou 25,5 GW de 45 GW no total. E 94% dessa expansão de 25 GW será dedicada exclusivamente ao mercado livre.  

A eólica, com 11 GW, corresponde a mais 25% da expansão no período. Ambas as fontes são impulsionadas pelo fim dos descontos nas tarifas de uso do sistema de transmissão e de distribuição, atualmente em 50%, para geradores e consumidores.  

Esses descontos serão descontinuados para os empreendimentos que solicitaram outorga até 2 de março de 2022. Para os que fizeram a solicitação, os descontos estão garantidos desde que iniciem a operação de completa em até 48 meses, contados da data de emissão da outorga.

Além da expansão com implantação já iniciada monitorada pela Aneel, a oferta de novos projetos também é dominada pela solar. Em 2021, impulsionados pelo prazo, os projetos solares corresponderam a 150,7 GW das solicitações de requerimentos de outorga (DRO) registradas pela Aneel, do total de 166,1 GW de DROs publicados pela agência – incluindo 12 GW de projetos eólicos e 3,3 GW de térmicas. Além disso, as PCHs, CGHs e hidrelétricas apresentaram solicitação de autorização para projetos que somam 3,5 GW em 2021.

Em 2022, após a corrida para solicitar outorga até o prazo final para garantir os descontos de Tust e Tusd, a fonte solar somou 16,9 GW em novas DROs, de acordo com os dados da Aneel até 01 de setembro. Já as DROs emitidas para projetos eólicos totalizaram 10,4 GW e térmicas, 101 MW, entre janeiro e agosto.

Preços no mercado livre e regulado 

No mercado livre, renováveis com desconto de 50% nas tarifas de uso do sistema de transmissão e de distribuição, a chamada fonte incentivada, está sendo negociada a R$ 188/MWh nos contratos de longo prazo – de 2024 a 2027. Já a energia convencional – que inclui grandes hidrelétricas é negociada a R$ 155/MWh para o mesmo período. As estimativas são baseadas em pool de preços apurados pela Dcide.

No último leilão em que participou, o A-4 realizado em maio, a energia solar vendeu energia a R$ 178/MWh, pouco abaixo da eólica, negociada a R$ 179/MWh. Entretanto, a fonte solar vendeu apenas 39,8 MW médios, de 237 MW médios contratados ao todo. A fonte mais cara do leilão, térmicas a biomassa, negociou 615 MW médios, a R$ 314/MWh. 

As usinas solares contratadas no leilão A-4 de 2022 somam 176 MW de potência instalada e 51 MW médios de garantia física. Ao todo, o leilão realizado em maio contratou usinas que somam 947 MW de potência instalada e garantia física total de 397 MW médios. No leilão, os vendedores devem vender ao menos 30% de sua garantia física. A parte não negociada pode ser comercializada no mercado livre. 

A realização de novos leilões reflete a incerteza das distribuidoras sobre a expansão da demanda de consumidores cativos, já que é esperada uma abertura e crescimento do mercado livre. Neste ano, além de uma contratação discreta no A-4, o A-6 que seria realizado nesta sexta-feira (16/09), contratando energia com fornecimento a partir de 2028, foi cancelado por falta de demanda por parte das distribuidoras de energia. O A-5, com prazo para entrada em 2027, também seria realizado nesta sexta, foi suspenso e remarcado para o dia 14 de outubro.