Leilão viabiliza 236 MW em novas usinas solares, a R$ 166,89/MWh

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O leilão A-5 realizado pelo governo federal na quinta-feira (30/09) para contratar energia para as distribuidoras do mercado cativo contratou um total de 151 MW médios de diferentes fontes renováveis, para entrega a partir de 2026.  A fonte solar negociou 30 MW médios de 20 usinas que totalizam 236,40 MW de potência e demandarão mais de R$ 901 milhões em investimentos.

Com um deságio de 12,63% em relação ao preço inicial de R$ 191,00/MWh, a fonte atingiu um preço médio de venda de R$ 166,89/MWh (equivalente a US$ 30,90/MWh). Em média 47% da energia elétrica das usinas serão destinados aos consumidores cativos. Os outros 35 MW médios de garantia física das usinas que não foram contratados no leilão serão comercializados no ambiente de contratação livre.

Também foram contratados 27,8 MW médios da fonte eólica e outros 27,8 MW médios da hidrelétrica São Roque. A biomassa foi a fonte que mais vendeu energia no leilão, foram contratados 48,9 MW médios de biomassa de cana de açúcar, 4,2 MW médios de cavaco de madeira e 12 MW médios de resíduos sólidos urbanos.  Os preços médios da fonte eólica foram de R$ 160,36/MWh; da biomassa, R$ 271,26/MWh, e de resíduos sólidos, R$ 549,35/MWh.

FontePotência MWGarantia física (MW médios)MW médios contratados % da garantia física no ACRPreço inicial (R$/MWh)Preço médio de venda (R$/MWh)Deságio
Hídrica141,991,327,830%174,27174,270%
Eólica161,371,227,839%191171,3216%
Solar236,365,230,346%191166,3313%
Biomassa301,2131,353,140%365275,0826%
Resíduos sólidos20161275%639549,3514%
Total/média301,237515146%238,3717%

Fonte: CCEE

Embora o leilão tenha aumentado a contratação das fontes renováveis mais baratas, como solar e eólica, o volume arrematado de fontes mais caras (biomassa) ainda foi maior, o que traz um sinal de alerta para o governo federal e para os consumidores. A análise é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Segundo o presidente executivo da associação, Rodrigo Sauaia, o resultado do leilão reforça a competitividade da fonte fotovoltaica, bem como sinalizam um norte de planejamento com este aumento da participação nos montantes negociados pela fonte.

“O volume contratado foi, contudo, muito baixo em comparação com o número elevadíssimo de projetos participantes do leilão. Isso ocasionou uma alta competição entre os empreendedores, produzindo preços-médios abaixo da referência para a fonte solar fotovoltaica no Brasil, o que demonstra uma alta capacidade competitiva da fonte, mesmo em momentos de turbulência macroeconômica”, comenta.

“O setor solar ofertou mais de 800 projetos, porém o volume muito pequeno contratado da fonte frente a essa oferta desapontou o mercado e os investidores. Perde-se a oportunidade de dar um final claro à sociedade de expansão das renováveis no País, especialmente da solar fotovoltaica, uma das mais competitivas do País”, acrescenta Sauaia.

Os projetos solares fotovoltaicos contratados pelo LEN A-5 de 2021 estão localizados nas regiões Nordeste e Sudeste, os estados do Ceará (96,24 MW), Piauí (60 MW) e São Paulo (80,16 MW).

Para diversificar a matriz elétrica, aumentar a segurança de suprimento, reduzir a dependência hídrica e baratear a energia elétrica, a associação recomenda que o governo federal aumente a contratação da fonte solar no Brasil.

“A escassez hídrica reforça ainda mais o papel estratégico da energia solar como parte da solução para diversificar e fortalecer o suprimento de eletricidade do país, fundamental para a retomada do crescimento econômico nacional”, complementa Anderson Garofalo Concon, vice-presidente de geração centralizada da Absolar.

As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores. “Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia solar, uma usina fotovoltaica de grande porte fica operacional em menos de 18 meses, desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. A solar é reconhecidamente campeã na velocidade da sua construção”, aponta Concon.

A potência instalada das grandes usinas solares fotovoltaicas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) acaba de ultrapassar a soma das usinas termelétricas fósseis à carvão mineral. De acordo com mapeamento da Absolar, são 3,8 GW de potência instalada da fonte solar nas grandes usinas, ante um total de 3,6 GW de termelétricas movidas a carvão mineral. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 20,5 bilhões em novos investimentos e mais de 114 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.