GD remota acima de 500 kW pode atrair R$ 15 bi nos próximos dois anos, diz Greener

Share

A minigeração distribuída instalada fora do local de consumo, principalmente a compartilhada, pode ganhar impulso nesse e nos próximos dois anos. Estudo realizado ao longo do primeiro semestre de 2022 pela consultoria Greener identificou ao menos 3,8 GW de projetos com mais de 500 kW que demandariam entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões de investimentos. Os dados foram apresentados em workshop durante o segundo dia da Intersolar South America 2022.

O modelo de assinatura de energia, para atender consumidores do varejo e serviços, deve impulsionar esse nicho da geração distribuída – que corresponde a 2,7 GW dos 12,6 GW de GD solar instalados no país. 

Há pelo menos três grandes áreas para empresas que atuam com esse tipo de projeto: desenvolvimento, estruturação e gestão comercial.  

O principal desafio apontado pelas empresas ouvidas pela Greener é a conexão à rede, citado por 48% dos participantes. A prospecção de investidores e de consumidores finais também apareceram como desafios importantes, citados por 11% das empresas. 

Modalidades ainda engatinham 

O estudo da Greener aponta para o crescimento de duas modalidades que foram criadas no final de 2015, pela resolução 687 da Aneel, mas que demoraram para deslanchar. Agora, com a janela de oportunidade criada pelas mudanças da Lei 14.300, e a criação de novos modelos de negócios, como a GD por assinatura, esse cenário pode mudar. 

Atualmente, de acordo com dados públicos da Aneel, a geração solar distribuída compartilhada conta com 2.556 sistemas, que geram créditos para 8.045 consumidores (média de 3,14 por sistema), somando apenas 74 MW.  

Metade dessa potência, 36 MW, está distribuída em sistemas acima de 500 kW. São apenas 28 sistemas, que geram créditos para 2.408 unidades consumidoras. Desde 2021, foram adicionados 36  MW de solar nessa modalidade de GD, incluindo todas as faixas de potência.   

Já o autoconsumo remoto, em que as unidades consumidoras beneficiadas devem estar sob uma mesma titularidade (CNPJ ou CPF), acumula 2,649 GW. São 191.827 sistemas que atendem 514.728 unidades consumidoras (média de 2,6 consumidores por sistema). Desse total, 1,677 GW foram instalados após janeiro de 2021. Considerando apenas os sistemas com mais de 500 kW, são 209 MW instalados nessa modalidade.  

Janela de oportunidade 

Os projetos que garantirem parecer de acesso até 06 janeiro de 2023 manterão as condições atuais de compensação de créditos de energia, em que a energia excedente pode ser compensada sobre todos os componentes da tarifa.  

A partir dessa data, todos consumidores com GD passarão gradativamente a pagar alguns componentes tarifários, especialmente os que remuneram as redes de distribuição de energia.  

Mas os sistemas de GD remota e compartilhada serão os mais afetados pelas mudanças previstas na lei 14.300.  

Enquanto para a geração distribuída no local de consumo o pagamento das tarifas de uso do fio começa em 15% a partir de 2023 e gradativamente chega a 90% em 2028, para a minigeração distribuída acima de 500 kW nas modalidades autoconsumo remoto ou geração compartilhada, em que um único titular detenha 25% ou mais da participação no excedente de energia elétrica, o pagamento dessas componentes tarifárias será de 100% já a partir de 2023 – para os que protocolarem pedido de acesso após 06 de janeiro de 2023.  

Além disso, esses projetos pagarão 40% das componentes tarifárias relativas ao uso dos sistemas de transmissão da Rede Básica, e 100% dos encargos P&D e Eficiência Energética e Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica.