Evento da Aldo Solar em Salvador destaca necessidade de qualificação contínua

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O quarto evento Aldo Revolution do ano, primeiro realizado na região Nordeste, reuniu em Salvador mais de 500 integradores para compartilhar informações e tendências do setor de energia solar no Brasil. Os eventos são parte de um esforço para fortalecer os negócios dos integradores, que são o elo com o consumidor final de geração distribuída. As mudanças nas regras de compensação de geração distribuída a partir de 2023, o aumento da demanda e a evolução tecnológica demandarão constante qualificação dos integradores. 

Sobre os impactos da Lei 14.300 na atratividade da geração distribuída, Joiris Manoela, fundadora da Energês,  e Marcos Nathan, consultor da Greener, compartilharam visões otimistas para os primeiros anos de cobrança gradual da tarifa de uso da rede de distribuição, especialmente para os sistemas de pequeno porte.

Nathan destacou que para consumidores residenciais – que corresponderam a mais de metade das novas instalações de GD nos últimos anos – o tempo de payback pode inclusive ser menor.

Para sistemas instalados no local de consumo de 4 kW, o tempo de payback cairá 3,9% em média. Isso ocorre principalmente porque a partir de 2023 a taxa mínima de pagamento deixará de ser cobrada quando o consumo mínimo for atingido porque houve a geração do sistema próprio. Sistemas residenciais de até 4 kW no local de consumo somam mais de 1 GW, distribuídos em 407 mil sistemas.

Já para sistemas com geração local de 50 kW de potência, o impacto da lei no tempo de payback dos sistemas de GD seria um aumento, em média, de 6,1%. Em ambos os casos, a diferença é de meses, sendo de 4 a 6 anos para os sistemas de 4 kW e de 3 a 4 anos para sistemas de 50 kW.

Ao detalhar as mudanças trazidas pela lei, Joiris reforçou que os efeitos serão mais tênues para os sistemas com maior simultaneidade entre geração e consumo. “Tal pagamento (da tarifa fio B) não é sobre a energia gerada e sim sobre a que passa pelo medidor. O que não é injetado na rede, não será cobrado, de acordo com a Lei 14.300”, disse.

Em sua apresentação, ela lembrou que a cobrança da tarifa fio b será gradual, começando em 15% para novos pedidos de acesso feitos a partir de 7 de janeiro de 2023 e chegando a 90% a partir de 2028. Mas para sistemas com potência acima de 500 kW em autoconsumo remoto ou geração compartilhada, justamente modalidades que em tese mais demandam os sistemas de distribuição, a cobrança já passa a ser de 100%, além do pagamento de parte da tarifa fio A e outros encargos.

O diretor do Canal Solar, Bruno Kukimoto, destacou a expectativa de crescimento da demanda global por energia – que poderia dobrar até 2030, considerando o desenvolvimento e adoção de novas tecnologias e a eletrificação da energia. Considerando um cenário sem essas sensibilidades às inovações, o consumo deverá dobrar até 2050. E a energia solar deve ser uma das principais supridoras dessa nova demanda. 

“De 2010 para cá, tivemos uma queda de 89% no custo do painel solar. Já para as baterias de lítio, o preço caiu 90%, nos últimos 10 anos. Então, existe a demanda e a queda no preço dos produtos. Mas a única forma de suprir essa crescente demanda por energia é por meio da capacitação de vocês”, disse Kukimoto.

Ele destacou que as necessidades de qualificação são diferentes para cada fase do negócio. Portanto, a qualificação dos integradores em diferentes áreas deve ser contínua, principalmente considerando o desenvolvimento e integração de novas tecnologias.

Nesse sentido, também foi destacada no evento a necessidade de qualidade dos equipamentos usados. Em sua apresentação, o diretor de vendas em GD da Jinko Solar, Eduardo Gama é diretor de vendas em GD da Jinko Solar e reforçou a mensagem de que painéis solares não são commodity. “Quando você compra o módulo, quer tudo, menos dor de cabeça. Você precisa confiar no parceiro para ter certeza de que vale a pena entrar em um ‘casamento’ de 30 anos. E o módulo N-Type é o futuro. Ele começa a gerar um pouco mais cedo e continua gerando até um pouco mais tarde”, disse.

É necessário entender também os critérios de avaliação dos diferentes selos e rankings de qualidade existentes, avalia o Sales Manager da JA Solar, Felipe Yugo. “Existem 50 ou 60 fornecedores classificados como Tier 1. Então, isso não significa qualidade. A própria Bloomberg não aconselha a usar essa lista como sinônimo de qualidade. A bancabilidade é um benchmark de comparação entre as empresas. Assim, a JA está entre as 3 melhores empresas a nível global pela PV Tech, o que atesta a solidez financeira”.