Energy Source aposta em armazenamento com reutilização e reciclagem de baterias

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A Energy Source aposta em dois novos modelos de negócios que devem impulsionar seu faturamento em 2021: serviços de armazenamento com baterias reutilizadas e a reciclagem de equipamentos que já encerraram o segundo ciclo de vida, com a recuperação de metais como o cobalto.

A empresa prevê concluir até outubro a rodada de investimentos que dará impulso ao “battery as a service” (BaaS). A expectativa é levantar R$ 12 milhões com parceiros e investidores.

Também quer impulsionar a reciclagem das baterias que já passaram pelo segundo ciclo de uso e seriam descartadas. “Quando não conseguimos descartar os resíduos do nosso processo, desenvolvemos uma solução para uma dor interna que era também uma dor do mercado”, diz, em entrevista à pv magazine, o CEO e fundador da Energy Source, David Noronha.

Com as novas linhas de negócios inauguradas em 2021, o faturamento esperado para este ano é de R$12 milhões, ou quatro vezes o faturamento de 2020.

BaaS

Até este ano a Energy Source vinha escoando sua produção principalmente através de uma parceria com a Aldo Solar, que comercializa e distribui as baterias de reuso. A ideia agora é ampliar o relacionamento com os clientes finais, vendendo não os equipamentos, mas o serviço de armazenamento, que pode incluir a substituição das baterias.

A fabricação de baterias novas a partir de baterias que já passaram por um primeiro ciclo de vida foi iniciada em 2017 e a reciclagem das baterias no fim do segundo ciclo começou a ser pivotada em dezembro de 2020.

Até o momento, a companhia negociou 6,5 MWh de baterias second-life e 1,4 MWh de baterias novas. A expectativa é atingir o ritmo de 10 MWh por mês, em média, a partir de 2022. 

O objetivo é atender o mercado de back-up de energia, sistemas off-grid e sistemas híbridos de energia. “A rodada de investimentos é também para viabilizar esse novo modelo comercial da companhia”, comenta Noronha.

Para atender também o mercado de gestão de energia, a empresa desenvolveu um sistema de monitoramento de baterias que pode ser integrado com outras tecnologias além do lítio, incluindo baterias de chumbo. O software faz parte do modelo BaaS e habilita funções de monitoramento, manutenção, prevenção de falhas e previsões de comportamento das baterias na ponta.

“No final, o que pretendemos é garantir a entrega da energia contratada, que ela esteja disponível quando for necessária”, diz Noronha. 

Reciclagem de baterias e fechamento de ciclo

A Energy Source está realizando também o ramp-up da linha de reciclagem das baterias que já passaram pelo segundo ciclo de vida, na planta localizada em São João da Boa Vista (SP), após rodar o piloto em dezembro de 2020. 

Em 2021, a planta de reciclagem já processou 50 toneladas de baterias. Até o final do ano, serão 300 toneladas, “que deixam de ser descartadas e voltam ao mercado como metais utilizados pela indústria, como cobalto e níquel”, diz Noronha. Com isso, a necessidade de extração dos materiais e uso de novos recursos naturais é adiada.

O processo, que é neutro em carbono, quer atrair interessados em dar uma destinação correta para as baterias de seus produtos, com as tendências ESG. Duas empresas que já são parceiras da Energy Source são as montadoras Renault e BMW Group Brazil.

A reciclagem das baterias e recuperação dos metais é realizada em duas etapas, ambas sem emissões associadas, por não incluírem a queima dos materiais. A primeira é realizado na própria planta da Energy Source. É um processo eletroquímico-mecânico que produz o chamado “black mass”, que consiste em grandes quantidades de metais de lítio, manganês, cobalto e níquel. O black mass então é enviado para a InCasa, em Joinville (SC), para a segunda etapa, que é a separação e o refinamento dos metais através de um processo hidrometalúrgico.

Com esse modelo de reciclagem, a empresa se torna elegível para emitir créditos de carbono. Neste ano, iniciou o processo de certificação liderado pela ACV Brasil que deve ser concluído até 2022. A estimativa de estudos preliminares é que cada tonelada reciclada seja equivalente a cinco toneladas de créditos de carbono. 

“Um dos nossos principais objetivos atualmente tem sido captar as baterias”, diz Noronha. 

As baterias recolhidas pela Energy Source vêm principalmente de eletrônicos, de diversos equipamentos como celulares, drones, veículos elétricos (incluindo bicicletas e patinetes elétricos). As baterias recicladas são negociadas principalmente com gerenciadores de resíduos, mas também com os fabricantes dos equipamentos.

As parcerias com as empresas descartantes podem ser desenhadas de maneiras diferentes, sendo que a Energy Source pode pagar ou não pelos insumos. “Entre outras variáveis, depende da composição das baterias, da quantidade de lítio, ferro, fosfato. Baterias com maiores concentrações de cobalto tendem a valer mais”, diz Noronha.