Armazenamento para load shifting viável em diversos estados

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O uso de baterias para armazenamento de energia já é competitivo para consumidores em aplicações atrás do medidor, na arbitragem de energia. A oportunidade de mercado foi demonstrada pelo diretor da empresa de inteligência de mercado e consultoria Greener, Marcio Takata, durante o Greener Business Summit, realizado na última semana na Amcham SP.  

O estudo de caso apresentado considerou um consumidor do grupo A na área de concessão da Cosern, no Rio Grande do Norte, onde a diferença entre a tarifa no horário de ponta (geralmente de 18h às 20h) e a tarifa fora da ponta é R$ 3.004/MWh.  

Esse consumidor poderia reduzir a conta de R$ 273,6 mil para R$ 173,6 mil, uma economia de 36% na tarifa de energia, instalando um sistema de armazenamento em baterias de lítio de 0,6 MW (2,5 MWh).  

Na simulação, com o deslocamento de carga, o consumidor teria uma redução de R$ 123,8 mil na tarifa de ponta – de R$ 173,4 mil para R$ 49,6 mil – e um aumento de R$ 21,8 mil na tarifa fora de ponta – de R$ 103,2 mil para R$ 124 mil. A economia líquida com o armazenamento seria, portanto, de R$ 102 mil. 

O investimento, para uma vida útil de 15 anos, foi estimado em R$ 11 milhões, com custo de operação de R$ 55 mil ao ano e uma necessidade de reinvestimento, no décimo ano do ativo, de 15% do capex ou R$ 1,65 milhão. O reajuste tarifário considerado para o período foi de 6% ao ano.  

Viabilidade em outras áreas de concessão 

A diferença entre a tarifa de ponta e fora de ponta é crucial para a viabilidade do armazenamento em baterias para gerenciar a carga. De acordo com o levantamento da Greener, essa diferença pode variar de R$ 354/MWh, na área de concessão da CEA (Amapá), a R$ 3.971/MWh, na área de concessão da Equatorial, no Pará.  

Além das distribuidoras do Pará e do Rio Grande do Norte, as distribuidoras também Coelba (BA), Enel RJ e EMS (MS) têm tarifas ponta e fora ponta com diferenças acima de R$ 3.000/MWh. 

Diversificação de negócios

O armazenamento a baterias é visto como uma forma de diversificar os negócios para as empresas que já atuam no setor solar, sejam prestadoras de serviço, integradores, distribuidores de equipamentos. A Brasol, por exemplo, deve investir em seus primeiros projetos com armazenamento neste ano e vê a solar como porta de entrada para oferecer serviços de gerenciamento de energia. Tecnologias como armazenamento e recarga de veículos elétricos, devem receber cerca de R$ 100 milhões dos investimentos previstos pela companhia em projetos neste ano – solar ainda deve dominar demandando R$ 350 milhões.