Brasol investirá R$ 450 milhões em 2022, com foco em geração junto à carga

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A Brasol deve investir R$ 450 milhões em projetos no Brasil neste ano. A maior parte, aproximadamente R$ 350 milhões, em geração solar – o restante será destinado a outras tecnologias de gestão de energia, incluindo baterias e carregadores de veículos. A empresa de transição energética controlada pela Siemens oferece aos consumidores o investimento integral nos projetos, realizando os aportes com capital próprio. Essa condição é vista como um diferencial em tempos de juros altos e inflação, que poderia afastar os clientes com custo de financiamento e investimento inicial altos. Ao final de 2022, a companhia deve ter 120 MW em operação ou construção iniciada, saindo de aproximadamente 60 MW atualmente – ao todo, 80 MW de solar devem ser adicionados pela Brasol no país em 2022.

De acordo com o CEO Ty Eldridge, neste momento a companhia está focando em projetos “antes do medidor”, aqueles instalados junto à carga, ou seja, na própria unidade consumidora, seja em geração distribuída, seja em autoprodução no mercado livre.

“Uma das ideias centrais da Brasol é que o elétron é mais valioso no ponto de consumo. E por isso pretendemos focar mais em soluções behind the meter, onde estamos injetando energia diretamente na operação do cliente e somos capazes de oferecer outras soluções para gerar mais economia”, diz Eldridge em entrevista à pv magazine.

Atualmente, 40% dos projetos operados pela Brasol estão junto à carga, majoritariamente no mercado livre, caracterizando autoprodução. No cativo, a maior parte dos projetos é remota, demandando mais da rede. Os sistemas operados pela empresa têm em média 1 MW, mas podem variar de 60 kW a 10 MW.

Umas das vantagens da geração junto à carga, no caso da geração distribuída, por exemplo, é a possibilidade de diminuir a demanda contratada do consumidor. No caso da autoprodução junto à carga no mercado livre, o consumidor-gerador tem a vantagem de descontos em diversos encargos.

Foco na carga e na gestão de energia

Já para a Brasol, que opera e mantém as usinas, os projetos de geração solar junto à carga possibilitam a coleta informações mais precisas sobre o perfil do consumidor, criando uma porta de entrada para o fornecimento de outros serviços e tecnologias.

“Com o monitoramento, a gente entende melhor o perfil energético do cliente e temos um algoritmo que pode identificar por exemplo um pico de consumo em uma determinada frequência e recomendar o uso de baterias em determinados casos. Solar é relativamente mais simples de dimensionar, mas bateria necessita uma precisão maior, como consumo por segundo. Esse é um dado que o cliente geralmente não tem”, diz Eldridge.

Neste ano, a companhia deve lançar os primeiros projetos com baterias. Os casos com maior potencial de economia são os arranjos de load shifting, em que as baterias atuam remanejando a carga do horário de pico. O perfil mais alinhado coma solução é o de clientes no A4, média tensão, geralmente no mercado cativo, descreve o executivo.

“Estamos olhando baterias de 400 a 500 kWh. Não são enormes, são de médio porte também. Quando se usa bateria, que ainda é algo caro, para fechar a conta tem que usar 100% da capacidade” comenta.

Os sistemas fotovoltaicos também são sempre subdimensionados. A companhia estabelece o limite de 80% do consumo contratado do cliente.

“Esses projetos têm uma característica modular. Então dimensionamos de forma que seja suficiente para garantir uma economia para o cliente e se identificamos a oportunidade podemos expandir no futuro”, diz.

Projeto de 1 MW operado pela Brasol no Tocantins

Imagen: cortesia Brasol

Expansão via aquisições

O mercado está entrando em uma fase de consolidação e, de acordo com Eldridge, a Brasol está em uma posição de receber muitas oportunidades. “Isso já está acontecendo e é uma parte forte do mercado. A maior dificuldade é qualidade do desenvolvimento do projeto. Muitos têm algum problema em pelo menos um dos fundamentos, ou a parte fundiária, ou a parte técnica ou a comercial. Temos uma auditoria padrão de projetos e até hoje não chegou nenhum que estivesse fácil de comprar de imediato, sempre a gente tem que fazer um pouco de redesenvolvimento”, diz o executivo.

A companhia busca oportunidade de adquirir projetos perto de onde já tem capacidade em operação ou desenvolvimento, para ganhar escala na operação. Neste momento, a companhia olha principalmente para o Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Amazonas. “Sendo que temos projetos em quase todos os estados, então se for perto da capital do estado, ainda pode ser interessante porque provavelmente já temos projetos perto também”, comenta.

Fornecedores

Outro aspecto crítico na escolha de projetos para novos investimentos é a escolha dos fornecedores de equipamentos. “Projeto com painel de terceiro grau ou inversor esquisito, isso afeta o O&M. Quanto temos, por exemplo, 30 MW de Trina isso é algo que há sobressalente em qualquer lugar. Em particular se não é tão comum, é uma dor de cabeça para buscar”, comenta Eldridge.

A Brasol não têm exclusividade, nem mesmo com a Siemens. Mas têm olhado para a escolha de fornecedores com ainda mais atenção. “Gastamos muito mais tempo no último ano estudando como fortalecer a nossa parte de compras. Durante a pandemia houve empresa parceira que quebrou contrato, não entregou com a gente. Damos muita atenção agora esse tema. Estamos sempre buscando novas parceiras, mas a ideia é comprar 1 ou 2 MW de material toda semana, para termos um estoque e ter um pouco mais de segurança”, diz o executivo.