Trinity quer investir R$ 400 milhões em GD até 2025

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A comercializadora de energia brasileira Trinity está entrando no mercado de geração distribuída solar, com o objetivo de chegar a 100 MW de capacidade instalada até 2025, a partir de investimentos estimados entre R$ 400 milhões e 450 milhões.

O primeiro projeto, adquirido da Orbis, tem 5 MW e está localizado em Bom Sucesso (MG). Os créditos serão destinados para uma cooperativa local de consumidores residenciais, na modalidade de geração distribuída compartilhada.  A expectativa de investimentos é de R$30 milhões e a operação está prevista já a partir de junho de 2022, com conexão até agosto. O empreendimento conta com financiamento do BDMG, a partir de uma linha de crédito para renováveis com 10 anos para amortização, e 25% de equity da Trinity. O contrato de arrendamento é de 13 anos.

Os contratos de fornecimento ainda estão sendo fechados, mas no projeto são considerados módulos importados da Canadian Solar monocristalinos e bifaciais de 590 w de potência,  inversores Sungrow e trackers da brasileira Convert.

Em Bom Sucesso, o projeto já conta com autorizações ambientais e de conexão. Essas características são chave para a expansão almejada pela Trinity nos próximos anos. Isto porque o marco legal criado pelo projeto de lei 5.829/2019, agora remetido ao Senado após ser aprovado pela Câmara dos deputados, entre outras providências determina que o atual modelo de compensação de energia seguirá válido, até 2045, para os projetos já em operação ou que protocolarem solicitação de acesso na distribuidora em até 12 meses contados da publicação da lei. Ou seja, projetos com o parecer de acesso obtido em até um ano garantem por lei que poderão usar os créditos de energia como desconto sobre todos os componentes tarifários, incluindo a remuneração da rede de distribuição, o que torna o investimento mais rentável.

Sócio fundador da Trinity Energia, João Sanches

Imagen: Trinity Energia/Mariana Pekin

Ainda para operação em 2022, a companhia mira um segundo projeto em Minas Gerais, de 2 MW, projetos que somam 8 MW no Rio de Janeiro e um de 5 MW em São Paulo, na área de concessão da CPFL Paulista. Nesses casos, a ideia seria atender consumidores comerciais. Outros estados com projetos na mira da empresa são Paraná e Santa Catarina.

Além de mirar em um primeiro momento a aquisição de projetos mais avançados, já com pareceres de acesso e autorizações, a companhia também desenvolverá os próprios projetos, diz o sócio fundador da Trinity, João Sanches.

O ingresso da companhia no segmento de geração era um desejo antigo, viabilizado após anos de crescimento da empresa, que acumulou recursos em caixa, conta o executivo. Em 2020, a companhia faturou R$ 2 bilhões – faturamento alto pelo próprio perfil do negócio de comercialização – com resultado bruto de R$ 22 milhões. Para 2021, a projeção é fechar com o lucro bruto na faixa de R$ 30 milhões, mantendo o mesmo nível do faturamento.

«Acabamos acumulando caixa e para gerar receita recorrente, vimos a oportunidade de ter ativos de geração», comenta Sanches. Ele destaca que apesar de demandar um investimento inicial considerável – diferente da comercialização – os projetos de geração também apresentam retornos mais altos.