A Renovigi prevê operar a partir de 2022 uma nova fábrica de montagem de painéis fotovoltaicos no porto de Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), mirando a distribuição na região Nordeste do Brasil. Os planos foram oficializados com a assinatura de um memorando de intenções com o governo do estado do Ceará no final de junho. A previsão de investimentos é de R$ 150 milhões. A fábrica deve iniciar os testes e entrar em fase pré-operacional ainda em 2021.
A expectativa é atingir um ritmo de montagem de 600 sistemas por mês na nova fábrica, que montará sistemas em sua maior parte com células de silício monocristalino, com potências unitárias entre 400w e 500w.
A companhia já opera duas unidades produtivas em Itajaí (SC) e Louveira (SP), onde integra sistemas fotovoltaicos completos que são então distribuídos pelos seus mais de nove mil credenciados.
As fábricas utilizam módulos fornecidos pelas empresas Risen, JA, Canadian Solar, Sunshine, Talesun e BYD. A Renovigi buscou diversificar seu conjunto de fornecedores durante 2020, com as restrições impostas pela Covid-19.
Por enquanto, não há previsão para a fabricação local dos módulos, explica o presidente da Renovigi, Gustavo Müller Martins. “Estamos olhando sempre para a possibilidade de trazer a fábrica de módulos aqui para o Brasil. Pode vir a fazer sentido se o país adotar uma política estratégica”, avalia.
Ele comenta que a companhia eventualmente compra módulos produzidos no Brasil pela BYD, embora em quantidades relativamente pequenas, quando o cliente pretende usar financiamento do BNDES para custear a compra dos sistemas.
Com um negócio focado em geração distribuída – que soma 6,1 GW, o dobro da capacidade das usinas centralizadas, com 3,4 GW – os sistemas montados e distribuídos pela Renovigi são de potência relativamente baixa. “Cada sistema é montado de acordo com a demanda dos nossos clientes. Pode variar de 1 kW até 30 kW, mas a faixa que mais vende fica entre 10 kW e 20 kW”, detalha Martins.
Expansão para o Norte e o Nordeste
Atualmente, a Renovigi atende os mercados do Norte e Nordeste a partir da fábrica de São Paulo. As regiões correspondem a pouco mais de um sexto da capacidade de geração distribuída do país, somando 1,5 GW de capacidade instalada. “Demandava mais tempo e saía mais caro. Vamos ganhar no frete. Já estava no planejamento estratégico da empresa desde o ano passado, mas postergamos o investimento”, comenta Martins.
As regiões representam 22% das vendas da Renovigi no país e a intenção é chegar a 30% até o final do próximo ano, com a ampliação da rede de credenciados que revendem os sistemas fotovoltaicos integrados pela empresa.
De acordo com o presidente da companhia, o porto de Suape, em Pernambuco, também estava no páreo para receber a nova fábrica. Mas a existência de uma política estadual para o desenvolvimento das energias renováveis acabou por pesar mais na escolha do Ceará como destino dos investimentos. “Vemos a oportunidade de estar nessa cadeia que está sendo montada lá. Possibilidade de crescer”, pontua. Além disso, o estado concede benefícios de importação, com redução na base do ICMS da importação dos inversores.
América Latina
Martins revela que é parte do plano de longo prazo da empresa avançar com novas unidades de montagem de sistemas em novos países na América Latina. “Estamos com contatos na Colômbia, que desaceleraram na pandemia. Mas a ideia é usar o mesmo modelo (montagem em unidades próprias e distribuição com uma rede de revendedores credenciados), com parceiros locais”, adianta. Ele aponta ainda que a nova unidade produtiva no Ceará está mais bem posicionada para atender os países da região e mais próxima do Pacífico, o que também representa uma vantagem para receber os insumos e equipamentos para a linha de montagem.
Autora: Livia Neves
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