Inteligência e desenvolvimento local: por dentro das operações da Nextracker Brasil

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Com uma capacidade produtiva o equivalente a 120 MW por semana – que pode ser expandida  para 160 MW – a Nextracker prevê entregar o equivalente a 2 GW em trackers inteligentes para projetos de geração solar centralizada no Brasil somente neste ano. A empresa estima ter uma participação de 38% no mercado brasileiro de geração solar centralizada. Os projetos no país com seguidores da companhia somam 1,2 GW em operação, 2 GW em construção e mais 2 GW. Globalmente, o market share da companhia é de 30%, com 50 GW de projetos em operação ou em construção

“Não temos uma meta relacionada isso, queremos estar perto do market share global, mas nosso foco aqui é desenvolver soluções e inteligência”, diz o diretor de vendas da empresa, Nelson Falcão. 

Com uma participação importante no mercado brasileiro, a companhia tem investido em pesquisa e desenvolvimento locais, tendo inaugurado um centro de excelência dentro do FIT da Flex, complexo industrial, localizado em Sorocaba, que tem uma participação majoritária na Nextracker. Entre os projetos de pesquisa, estão análises dos efeitos de salinidade, umidade e corrosão sobre os equipamentos e a geração solar, além do uso de baterias e análise de solo.

“Uma das pesquisas desenvolvidas mais especificamente para o mercado brasileiro é como identificar mais facilmente a ocorrência cupim murundu, que pode afetar as condições de solo para a instalação de uma usina”, cita o general manager da Nextracker, Henrique Rodrigues. 

No FIT, a Nextracker também está monitorando os resultados do XTR, seguidor solar cujo desenho se adapta aos desníveis de solo, tornando muitas vezes desnecessária a terraplanagem. Com os ganhos em nivelamento de solo, o seguidor pode tornar viáveis terrenos que antes não seriam adequados para projetos fotovoltaicos, destaca Rodrigues. 

Além das soluções em hardware, a Nextracker também desenvolveu o software true capture, com o qual é possível otimizar os projetos de acordo com inclinação e topografia da área disponível. Drones com laser fazem a medição do terreno e os dados são analisados pelo true capture.   

O objetivo é garantir a entrega do resultado esperado pelos clientes. Os ganhos de produção de usinas que utilizam os trackers ficam entre 20% a 30%, a depender do projeto. Embora passem por testes laboratoriais e sejam certificados, os seguidores mais antigos estão em operação há apenas 10 anos, então os resultados precisam ser monitorados. 

Todo seguidor fabricado pela Nextracker  carrega um miniprocessador, que com uma programação no controlador, que de acordo com a posição do sol, variável a cada dia e de um local para outro, posiciona os módulos de maneira mais eficiente. O tracker é então um minicomputador ligado a um pequeno painel de energia solar próprio do equipamento – ele não consome energia do parque – com uma bateria. Com um pequeno motor, é capaz de movimentar quase três toneladas de módulos, que variam de 80 a 90 por fileira com um seguidor da Nextracker instalado. 

O complexo industrial da Flex atende diversos clientes, incluindo empresas como Dell, HP e Enel, que queiram uma linha de produção sem investir diretamente na infraestrutura necessária. Além de fabricar produtos para outras empresas, a Flex também integra um centro de armazenamento. A companhia atende aos setores automotivo, de computação, da saúde, além de energia. Inclusive foi em parceria com a Flex que a Canadian Solar produziu entre 2016 e 2020 módulos fotovoltaicos “locais”. 

Sediada no Vale do Silício, a Flex fez em 2015  um investimento na Nextracker e passou a ser sua controladora. Atua em 35 países. No Brasil, além da fábrica em Sorocaba (SP), também tem instalações em Campinas (SP) e Manaus (AM). A empresa emprega cerca de 10 mil funcionários no Brasil e soma 200 mil colaboradores no mundo.