Huawei anuncia novos acordos com parceiros locais

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A Huawei assinou nesta segunda-feira (29/11), durante um evento promovido pela empresa em São Paulo, seis memorandos de entendimento (MoU, na sigla em inglês) com empresas locais para fornecer equipamentos da plataforma Digital Power, nova unidade de negócios da empresa voltada para o segmento de energia. O maior deles prevê o fornecimento de inversores e transformadores para o complexo fotovoltaico Santa Luzia, de 1,4 GW, da Rio Alto Energia. Também foram assinados MoUs com a WDC Network e a HDT Energy, para distribuição de equipamentos com soluções de Data Center e Power Site. A empresa chinesa ainda assinou memorandos de entendimento com as empresas Gel solar, L8 Energy e Mazer Solar na área de canais de revendas.

O executivo destaca como estratégica a A parceria com a Rio Alto é estratégica, destaca o gerente de contas senior Humberto Cravo Neto, por se tratar de uma empresa brasileira, além de ser o maior acordo da empresa fora da China em um único pedido. A geradora possui um potencial de 4 GW em desenvolvimento.

“A Rio Alto é um parceiro estratégico para a gente, porque basicamente hoje o nosso negócio está concentrado nas contas globais, Enel, EDP, EDF, Brookfield. E a Rio Alto é um parceiro local. A gente tem muita afinidade, eles são um parceiro que compra tecnologia, não compra custo. Então, alinha muito com a estratégia da Huawei, que é uma empresa de tecnologia de ponta e eles têm uma ambição muito grande. Estão discutindo geração, I-V curve”, comenta Cravo Neto.

O acordo deve alavancar a produção local da Huawei de transformadores, através de uma O&M, criando escala e permitindo que a companhia ganhe competividade neste elo da cadeia local. “Até então a gente ou estava trazendo o transformador da China, que fica caro, ou fazendo uma parceria com a WEG. Nesse momento a gente está arrancando com a nossa produção local”, diz.

Armazenamento

A parceria ainda inclui inteligência artificial e diagnóstico de I-V curve. “Para esse acordo, a gente até cogitou colocar o BaaS (battery as a service, ou bateria como serviço), mas ainda há entraves regulatórios que dificultam para o cliente justificar o uso”, comentou. Atualmente, conta Cravo Neto, os acordos de armazenamento de energia estão mais voltados para projetos piloto e de pesquisa,  ou como uma aposta futura dos clientes. “Um cliente como a Rio Alto é um cliente basicamente financeiro e eles calculam muito bem o retorno do investimento. Então assim, não tem muito espaço para fazer teste, para fazer aposta futura. Mas a gente está negociando com eles já 4 MW só para começar, para arrancar”, conta.

Entre os possíveis clientes, que desejam explorar os novos negócios que serão destravados com a futura regulação das baterias, ele cita que há conversas com a Celeo Redes. O foco atualmente são os geradores, embora a companhia enxergue a possibilidade de ofertar as baterias para consumidores residenciais no futuro.

A área de Digital Power engloba os segmentos Geração Centralizada, Geração Distribuída, Operadores de Data Center e Operadoras de telefonia. A ambição da área é ultrapassar, em três ou quatro anos, o faturamento anual da unidade de negócios Telecom, que fica em torno de R$ 1 bilhão.

“A gente quer trazer toda a inteligência de software, inteligência artificial para dentro do mercado de energia. O mercado de energia hoje, é muito mecânico, muito hardware. Cadê a inteligência? Tem muito espaço para crescer em inteligência”, diz Cravo Neto.

Regulamentação do uso de baterias

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, disse que a Aneel iniciará em 2022 as discussões para regulamentar a inserção de baterias no sistema elétrico brasileiro. A pauta está na agenda regulatória do ano que vem, de forma determinativa.

“É toda a contextualização, estabelecimento de tarifas e estabelecimento também de remuneração para o importante trabalho que a bateria vai fazer para o sistema elétrico. Dependendo do seu empenho, da sua utilização, tanto no setor de transmissão, como em outros setores, pode agregar bastante valor inclusive postergar a necessidade de investimentos tanto em geração como em transmissão”, disse o diretor.

A ideia é que a regulamentação seja ampla, abarcando os diversos serviços que as baterias podem prestar nos segmentos de geração, transmissão, distribuição e consumo. “Será realizada a audiência pública, o debate, e, se tudo correr bem, acredito que ainda no ano de 2022 a gente consegue publicar a regulamentação”, comentou Pepitone.