Financiamento deve perder participação nos investimentos em geração distribuída

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A participação de financiamento nos investimentos em geração distribuída deve ficar abaixo dos 50% alcançados em 2021 – quando foram desembolsados R$ 10,2 bilhões, de acordo com levantamento da CELA, para apoiar aproximadamente R$ 20 bilhões em investimento. A avaliação é da diretora da consultoria, Camila Ramos.  

“A Selic teve um aumento importante no último ano, o que naturalmente afeta bancos, distribuidores e integradores. Mas claramente o volume de vendas se mantém em tendência de crescimento. A previsão da Absolar de mais 8 a 9 GW esse ano se mantém. Falando com os integradores, distribuidores e os fabricantes, a sensação é que esse crescimento deve se manter”, comenta Camila. Ou seja, os desembolsos de financiamento também devem ser maiores que os R$ 10,2 bilhões em 2021, mas não chegarão a representar 50% dos R$ 40 bilhões em investimentos previstos pela Absolar.   

A taxa Selic, que norteia os juros cobrados pelos bancos, chegou em junho ao maior patamar desde 2016, em 13,6% ao ano.  

“No início do ano, nossa expectativa era de R$ 20 bilhões financiados, mas parece que isso não vai se realizar. O consumidor que quer investir em GD vê a taxa de financiamento e opta por comprar à vista. Ou os distribuidores e integradores, oferecem um parcelamento maior”, detalha Camila Ramos. O financiamento só será percebido como atrativo, diz ela, quando a parcela do empréstimo somada à fatura com desconto se mantiver menor do que o valor atual da conta de energia sem geração distribuída. 

Há pelo menos 75 linhas de financiamento disponíveis para apoiar investimentos em geração distribuída solar no Brasil, de acordo com o levantamento da CELA em parceria com a Absolar. E o interesse dos agentes de financiamento é crescente.

“Os bancos veem esse segmento crescendo, multiplicando os investimentos ano a ano. Está muito atrativo para financiar. Só na CELA contribuímos para a estruturação de três linhas de financiamento”, conta Camila. 

A avaliação é que para contornar a alta do custo de financiamento, os integradores, que já sofrem a maior pressão de competição na cadeia, precisarão oferecer condições interessantes de venda. «Os bancos tem aumentado 24 meses, 36, 48 meses, algumas vezes até 120 meses. O financiamento é um grande viabilizador e vai continuar crescendo em volume», diz Camila Ramos.

A Cela levanta junto aos bancos e agentes de financiamento os valores desembolsados ano a ano para apoiar investimentos em geração distribuída solar, porém não está autorizada a divulgar os valores individuais. Entretanto, entre instaladores e distribuidores são muito frequentemente mencionadas as linhas de financiamento do BV, representada pelo Meu Financiamento Solar, e do Santander.