Aneel aprova projeto de armazenamento de 30MW da ISA CTEEP

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou no último dia 16/11 o enquadramento de um projeto de armazenamento de energia de 30 MW da ISA CTEEP como um reforço do sistema de transmissão. É o primeiro projeto do tipo no país. Com investimentos de R$ 146 milhões, o projeto será instalado na subestação Registro (SP), uma das responsáveis pelo abastecimento do Litoral Sul Paulista. O prazo para a entrada em operação é novembro de 2022, a fim de atender à demanda do verão na região.

Como o sistema de armazenamento foi enquadrado pelo regulador como reforço de instalação de transmissão, tornou-se um ativo regulado, passível de remuneração para a transmissora. O projeto também demonstra uma nova competitividade das baterias em relação às outras opções para atender pico de demanda, como os transformadores defasadores.

A agência definiu uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 27 milhões, com vigência de 17 anos, tempo de vida útil estimada dos equipamentos. A RAP já considera um custo anual de O&M de 2% do investimento.

O sistema vai atuar nos momentos de pico de consumo, como um reforço à rede elétrica, assegurando energia adicional por até duas horas, totalizando 60 MWh, para evitar interrupção no fornecimento de energia devido ao excesso de demanda neste período. As baterias de lítio serão instaladas em uma área de aproximadamente 4 mil m², com porte equivalente a cerca de 30 contêineres, o que garante o atendimento da demanda máxima do Litoral Sul, de aproximadamente 400 MW.

“O projeto é um marco histórico para o setor elétrico e servirá como um laboratório de inovação, promovendo debates sobre como inserir armazenamento de energia em baterias, sobretudo pela sua capacidade de resposta imediata e por sua elevada flexibilidade operativa, necessária à rede de transmissão. Além disso, é um passo rumo à diversificação do nosso negócio”, explica Rui Chammas, diretor-presidente da ISA CTEEP.

O sistema de armazenamento em baterias pode ser utilizado em várias aplicações, como alívio de pontos de congestão do sistema elétrico, em serviços ancilares, tais como controle de tensão e frequência, e na compensação da variabilidade de geração de energia eólica e solar, possibilitando maior integração dessas fontes renováveis ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e, consequentemente, reduzindo as emissões de Gases de Efeito Estufa.

Além disso, o armazenamento atua como back-up para manter o suprimento de energia elétrica em momentos de pico de consumo, colaborando para o menor acionamento das usinas térmicas.

Imagem ilustrativa de um sistema de armazenamento (ISA CTEEP)

Mercado de baterias

O primeiro sistema de armazenamento no Brasil a atender necessidade de reforço de transmissão com baterias é fruto da Chamada Pública 021/2016 de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Aneel. A chamada selecionou 23 projetos que empregavam tecnologias de armazenamento. O projeto liderado pela ISA CTEEP, em parceria com diversas empresas, incluindo a PHB, tinha o objetivo de desenvolver eletrônica de potência e o controle de sistema de armazenamento de energia para o fornecer serviços ancilares à rede elétrica com elevada penetração de geração intermitente. O investimento no projeto de P&D foi de R$ 12 milhões, de mais de R$ 400 milhões para todos os projetos selecionados, segundo estimativa da Aneel.

Armazenamento sazonal, arbitragem de preços, regulação de frequência, suporte de tensão, black start (restauração de um sistema sem uso da energia da rede), soluções off-grid e de back-up, alívio de transmissão e distribuição, redução da demanda de ponta. Esses são alguns dos muitos serviços que podem ser ofertados pelos sistemas de armazenamento, listadas pela Aneel em nota técnica que inaugurou as discussões de uma tomada de subsídios realizada entre setembro de 2020 e março de 2021 com mais de 30 contribuições.