O Brasil será um dos maiores mercados solares até 2026, diz SolarPower Europe

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SolarPower Europe lançou o seu relatório “Global Market Outlook” na Intersolar Europe esta semana em Munique, Alemanha. O mundo instalou um recorde de 167,8 GW de energia solar em 2021, passando o marco de 1 TW e dando origem a uma nova estrela solar internacional: o Brasil.

O relatório “Global Market Outlook for Solar Power 2022-26” pela SolarPower Europe, lançado em Munique Alemanha durante o Intersolar Europe, pinta um quadro ensolarado para a indústria fotovoltaica. O relatório deste ano é especialmente focado no mercado latino-americano, e foi escrito em colaboração com o Global Solar Council e a associação Brasileira de energia solar fotovoltaica, ABSOLAR.

Em 2021, a capacidade fotovoltaica da América Latina aumentou 44%, totalizando 9,6 GW, com uma capacidade acumulada de mais de 30 GW. O mercado solar da região cresceu mais de 40 vezes desde 2015. As projeções sugerem que até 2026, poderá crescer até 30,8 GW por ano. Nesta incrível história de sucesso, um país emerge como uma estrela em ascensão: o Brasil.

O líder solar da América Latina deverá tornar-se um dos cinco maiores mercados globais nos próximos cinco anos, atingindo 54 GW de capacidade solar total até 2026, de acordo com SolarPower Europe. pv magazine reuniu-se recentemente com o Dr. Rodrigo Lopes Sauaia, o CEO da ABSOLAR, para discutir o relatório e o lugar do Brasil no mercado solar global.

Em abril de 2022, o Brasil ultrapassou 15 GW de energia solar instalada, com mais de 5 GW adicionados apenas em 2021. Os sistemas de geração distribuída são responsáveis por 10 GW de capacidade instalada, e as centrais solares fotovoltaicas de grande escala por 5 GW. A geração distribuída registou um crescimento recorde em 2021, que pode muito bem ser ultrapassado em 2022.

A aprovação de uma lei de geração distribuída, há muito esperada, explica o rápido crescimento, disse Sauaia à pv magazine. A lei assegura que todos os sistemas solares de geração distribuída em funcionamento e todos os novos pedidos realizados até 2023 serão elegíveis para net metering na sua totalidade até ao final de 2045. Os pedidos de ligação efetuados a partir de 2023 serão sujeitos a um novo regime de net metering, que introduz taxas de rede para a eletricidade injetada na rede num processo gradual.

De acordo com Sauaia, estas taxas não conduzirão a uma perda de interesse na energia solar.

“Não há risco de colapso do mercado. Acreditamos que esta solução irá ajudar o sistema a continuar a crescer, sem incomodar as distribuidoras de energia,” disse Sauaia. “As tarifas de eletricidade aumentaram 20% a 25% no ano passado, ultrapassando uma taxa de inflação de 10%. Estes pagamentos continuarão a ser competitivos para os consumidores finais escolherem a energia solar.”

O outro principal segmento de mercado do país, a geração centralizada, também viu um número recorde de novos projetos em 2021, com a maioria visando acordos bilaterais de compra de energia no mercado livre. Os leilões de mercado regulados pelo governo costumavam ser a regra no Brasil, mas uma economia enfraquecida levou o governo federal a reduzir a dimensão dos leilões em 2021. A competitividade dos custos da energia solar incentivou grandes consumidores, tais como centros comerciais, a celebrar acordos bilaterais com empresas de produção de eletricidade, a fim de comparem ou arrendarem as suas centrais solares fotovoltaicas de grande escala e assim reduzirem as suas contas de eletricidade, explicou Sauaia.

Espera-se que o armazenamento de energia também cresça no Brasil. No entanto, este mercado ainda enfrenta impostos elevados, falta de regulamentos, e esquemas de incentivos insuficientes para os utilizadores finais.

“Também enfrentámos estes desafios com a energia solar. Aprendemos muito e estamos a utilizar essa experiência para informar o rápido crescimento do armazenamento no Brasil,” disse Sauaia.

A ABSOLAR criou um grupo de trabalho para propor um roteiro para o armazenamento, em parceria com duas empresas de consultoria. O seu trabalho centrar-se-á na regulamentação e legislação, tributação, acesso ao financiamento, e normas técnicas.

“O futuro é promissor,” concluiu Sauaia.