A fotovoltaica flutuante inunda todas as paisagens

Nos últimos dois anos são numerosos os pequenos e grandes projetos fotovoltaicos desenvolvidos nos mercados solares maduros, como Europa e Ásia, incluindo Índia, China, Coréia do Sul e Taiwan; assim como em outros países da América Latina, como Colômbia e Brasil. No entanto, os mercados menos maduros, como a Ucrânia, também estão começando a reconhecer os seus benefícios.

A tecnologia é particularmente atraente para os países onde há escassez de terra ou onde os custos de compra ou arrendado das terras são elevados. Além disso, projetos de infraestrutura de energia conectadas à energia hidrelétrica, e as empresas que operam perto ou diretamente sobre a água, como a pesca, também podem se beneficiar da energia solar flutuante.

Até 300 MW em um canal ucraniano

O Ministério da Energia e Indústria de Carvão da Ucrânia anunciou na semana passada que o gestor de ativos com base no Reino Unido Touchstone Capital Group Holdings Ltd pretende construir um megaprojeto híbrido eólico-solar no canal Kakhovka, localizado no rio Dnieper.

Atanas Pashaliev, presidente da Global Infrastructure da TFGH disse à pv magazine que o projeto tem uma capacidade total de cerca de 1,3 GW, que compreende 1 GW de capacidade eólica, e até 300 MW de energia fotovoltaica, com as instalações fotovoltaicas flutuantes localizadas entre turbinas eólicas.

Ao utilizar os espaços livres entre as turbinas, os desenvolvedores podem instalar 2,8 vezes mais capacidade do que pode gerar a eólica. Cada seção da planta consiste de quatro turbinas eólicas de 4 MW a 5 MW e uma instalação fotovoltaica de 18 MW, que vai ter os seus cantos ancorados à base de turbinas eólicas.

O projeto, que poderia também incluir unidades de armazenamento e produção de hidrogênio, será implementado no período de 2019-2024 e deve competir em futuros leilões na Ucrânia, disse Pashaliev. Prevê-se que a enorme usina estar ligada ao fornecedor estatal de energia NPC Ukrenergo.

«A vantagem deste tipo de projeto híbrido consiste na capacidade de equilibrar a produção, o que permitirá uma mais uniforme geração de energia», o governo ucraniano disse em um comunicado publicado sobre o projeto. Além disso, tanto o Ministério da Energia como o desenvolvedor do projeto esclareceram que pelo menos 30% dos componentes serão fabricados no país.

TFGH, que tem sua rede em Pequim, Xangai, Hong Kong, Singapura, Sydney, Londres e Nova York, opera em sectores-chave como os serviços públicos, transporte, construção e redes sociais, através de várias entidades. A empresa-mãe atua principalmente como uma plataforma de investimento entre a China, que abriga a maior parte dos seus negócios e do resto do mundo.

Fotovoltaica flutuante no Afeganistão, Azerbaijão e Quirguistão

O Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB) publicou recentemente um documento mostrando o potencial da tecnologia fotovoltaica flutuante em três países com um desenvolvimento da energia solar quase zero: Afeganistão, Azerbaijão e Quirguistão, todos fortemente dependente dos combustíveis fósseis, a hidroeletricidade e importações de energia.

ADB irá fornecer a estes três países assistência técnica para ajudá-los a testar e ganhar experiência na área da energia fotovoltaica flutuante, e diversificar as seus esquemas de energia, ao mesmo tempo aumentar a segurança energética e reduzir as emissões de CO2, de acordo com o documento mencionado.

Ela também irá ajudar a melhorar suas habilidades de conhecimento e técnicas para projetar centrais fotovoltaicas através de estudos-piloto de viabilidade de projetos flutuantes em escala comercial, incluindo viagens de estudo até os principais mercados da fotovoltaica flutuante.

Em cada um desses três países, a disponibilidade de terras é uma questão crítica, porque eles são cercados por terreno montanhoso, enquanto as pequenas parcelas de terra plana disponível são usados ​​principalmente para habitação ou agricultura. «No entanto, os países têm grandes lagos e reservatórios sempre com superfícies iluminadas pelo sol», disse a ADB.

No Quirguistão, por exemplo, as infraestruturas existentes de energia hidráulica representam 81% da capacidade total instalada, e por isso os custos de flutuação dos projetos fotovoltaicos são ainda mais reduzidos, porque a densidade da potência MW em áreas de água é significativamente aumentada, e instalações flutuantes permitindo o movimento temporário de energia hidroelétrica, criando uma capacidade de armazenamento virtual para o bombeamento.

No entanto, a ADB também diz que a energia solar flutuante fornece benefícios ambientais para a água potável, pesca, irrigação e energia hidrelétrica, já que ajuda a conservação da água, reduzindo as perdas de evaporação e favorecendo o crescimento das plantas e dos peixes, enquanto aumenta a limpidez da água.

Os primeiros três projetos pilotos de 100 kW serão realizados no Lago Qargha e no reservatório em Cabul, Afeganistão; no lago Boyukshor, o maior dos nove lagos da península de Absheron, no Azerbaijão; e no reservatório Toktogul, que abriga uma usina hidrelétrica de 1,2 GW, que fornece 40% do fornecimento de energia no Quirguistão.

Cada projeto será composto por painéis fotovoltaicos, plataformas flutuantes, sistemas de ancoragem, uma estação inversora e condicionador de energia (que também pode ser localizado no solo), cabos, infraestrutura para conexão à rede, baterias e sistemas de armazenamento de energia e instalações auxiliares.