A combinação da geração de energia solar e agricultura oferece não apenas uma solução para encontrar superfícies para projetos fotovoltaicos em países como a Holanda ou o Japão, onde o consumo de terras está se tornando um problema, mas também pode melhorar alguns tipos de atividades agrícolas, além de oferecer melhor eficiência energética para as usinas solares.
Essa foi a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Oregon State University, nos EUA. UU., que foi publicado na revista Nature.
Os autores do estudo afirmam que as regiões mais adequadas para projetos “agrovoltaicos” são na América ocidental, na África Austral e no Oriente Médio. Eles chegaram a essa conclusão aplicando um modelo de eficiência do painel solar que inclui a influência dos microclimas. O modelo foi aplicado a conjuntos de dados globais de microclima.
O modelo também permitiu que os cientistas identificassem os três melhores tipos de terra para o potencial da agrovoltaica como terras agrícolas, pastagens e zonas úmidas. Esses ambientes também oferecem as melhores condições para melhorar o desempenho dos módulos solares, como altos níveis de sol, ventos fracos, temperaturas moderadas e baixa umidade.
«Estas são as mesmas condições para as culturas agrícolas e a vegetação tem mostrado ser mais eficiente no uso da água disponível em condições mésicas [moderadamente regadas] onde a demanda por evaporação atmosférica é equilibrada pela oferta das chuvas», afirmam no documento.
Benefícios mútuos
Segundo eles, além disso, a energia fotovoltaica não é a única beneficiária da localização conjunta dos projetos de energia solar e atividades agrícolas. «As culturas podem ser feitas na sombra intermitente dos painéis fotovoltaicos em sistemas agrovoltaicos», diz o estudo. «A sombra não diminui necessariamente o rendimento agrícola».
O estudo também foi baseado em dados de produção da energia nos testes de campo conduzidos pela fabricante de carros elétricos Tesla em cinco projetos agrovoltaicos em Oregon. Os cientistas descobriram que o aloe vera, o tomate, o biogás, a grama e a alface foram cultivados com sucesso nesses experimentos.
“Algumas variedades de alface produzem rendimentos mais altos à sombra do que a luz do sol total; outras variedades produzem essencialmente o mesmo rendimento sob céu aberto e sob painéis fotovoltaicos”, disseram os pesquisadores, acrescentando que painéis fotovoltaicos semitransparentes podem abrir novas oportunidades de produção agrícola.
«Se menos de 1% das terras agrícolas fossem convertidas em painéis solares, isso seria suficiente para atender à demanda global por eletricidade», disseram os cientistas.
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