Brasil pode contratar cerca de 1 GW de energia solar no próximo leilão

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O setor solar brasileiro espera que o próximo leilão nº 04/2017 (leilão A-4), que será realizado em 18 de dezembro e que incluirá energia solar entre outras fontes energéticas, vai contratar cerca de 1 GW de nova capacidade fotovoltaica, de acordo com o relatório “Estudo Estratégico – Mercado Fotovoltaico da Geração Centralizada 2017“, publicado pela consultora brasileira Greener.

O relatório, que também fornece dados abrangentes sobre os três leilões de energia anteriores que incluíram energia solar e que se realizaram entre 2014 e 2015 (em 2016, os dois leilões planejados foram cancelados devido à falta de demanda de energia e à crise econômica do Brasil), revela que todos os 249,7 MW de projetos solares cujos PPAs foram cancelados pelo governo brasileiro, através de um leilão específico realizado em agosto que visava cancelar projetos que não estavam sendo implementados, estão exclusivamente relacionados ao primeiro leilão realizado em 2014, em que foram contratados 889 MW (AC) de energia solar. Desta capacidade, 570 MW têm uma alta probabilidade de serem operacionais, de acordo com a Greener, enquanto os restantes 70 MW têm baixa probabilidade de implantação.

Quanto ao primeiro leilão em 2015 no qual foram atribuídas 883,7 MW (CA) de capacidade solar, a Greener acredita que, com a exceção de 5 MW que têm baixa probabilidade de instalação, todos têm uma alta probabilidade de serem instalados, ser finalizados e conectados à rede. Por outro lado, o presidente da associação solar brasileira ABSOLAR, Rodrigo Lopes Sauaia, disse à revista pv, em outubro, que os projetos selecionados nos leilões realizados em 2015 estavam melhor posicionados do que os selecionados em 2014 para atingir sua conclusão.

De acordo com a Greener, os projetos selecionados no segundo leilão realizado em 2015, nos quais 929,3 MW (AC) de projetos fotovoltaicos foram contratados, possuem melhores condições para sua realização. O relatório, de fato, revela que 350 MW desses projetos têm boas chances de serem concluidos, que cerca de 544,3 MW têm uma probabilidade média de conexão e que apenas 35 MW têm baixa probabilidade de serem construídos.

Em geral, 1.748 MW dos três leilões têm alta probabilidade de sucesso, enquanto 249,7 MW foram cancelados, 544,3 MW têm uma probabilidade média de término e 110 MW têm baixa probabilidade de se tornarem operacionais. Greener também descobre que cerca de 880 MW estarão operacionais até o final deste ano, outros 1,29 GW têm uma probabilidade alta ou média de ver a luz do dia no final do próximo ano.

Dos 880 MW que deverão entrar em operação este ano e estão sendo construídos, 150 MW estão localizados no estado de Minas Gerais, 430 MW na Bahia, 270 MW no Piauí e 30 MW no Rio Grande do Norte. Da capacidade que deverá ser conectada em 2018, outros 300 MW serão localizados em Minas Gerais, 150 MW em São Paulo, 89,7 MW na Bahia, 80 MW no Rio Grande do Norte e 90 MW na Paraíba.

O relatório também revela que, em 2017, o volume total de investimentos em energia solar em larga escala para projetos selecionados nos leilões brasileiros realizados entre 2014 e 2015, atingirá cerca de 3.654 milhões de reais (cerca de 1.120 milhões de dólares), enquanto os investimentos em 2018 e 2019 chegarão a 5.391 milhões de reais e 934 milhões de euros, respectivamente.

Os autores do relatório sublinharam que os módulos produzidos no Brasil são atualmente entre 35% e 45% mais caros que os painéis solares importados e que a atual capacidade da indústria brasileira de módulos solares não pode atender à demanda. De acordo com o relatório, o fabricante chinês Jinko é atualmente o maior fornecedor (e importador) no Brasil, cobrindo 29% da demanda, seguido de outros dois fabricantes chineses, Canadian Solar e BYD, que abriram fábricas de painéis no país e têm uma participação de mercado de 25,5% e 21,2%, respectivamente. A JA Solar é o quarto fornecedor com uma participação de mercado de 12,9%, seguido por GCL (5,6%), First Solar (3,8%) e Trina (1,3%). Esses dados incluem plantas em operação e em construção.

Em termos de embarques de inversores, a GE é o maior fornecedor com uma participação de mercado de 40,2%, enquanto a Fimer e a SMA são o segundo e terceiro fornecedor com uma porcentagem respectiva de 25,7% e 13,2% . Estes dados também incluem plantas em operação e em construção.

O relatório também simula os preços de energia para projetos que competirão no leilão de dezembro próximo. Os especialistas da Greener acreditam que os preços da energia solar do leilão serão inferiores a R$ 220 / MWh (US$ 69 / MWh), o que mostra que a energia solar está se tornando realmente competitiva no país.