Absolar critica contratação de térmicas a gás: energia custaria R$ 20 bilhões a menos se fosse fotovoltaica

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Se tivesse contratado energia renovável de fontes como a solar e eólica, o último leilão de reserva de capacidade realizado pelo governo federal, que contratou 670 MW médios de térmicas a gás natural, custaria R$ 20 bilhões a menos para os consumidores, em um período de 15 anos. A análise é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), considerando o valor de R$ 444/MWh negociado pelas térmicas no leilão e os R$ 178/MWh da fonte solar no último leilão A-4. Não houve deságio na contratação das três térmicas vencedoras do leilão – em comparação com a redução de 20% da solar em relação ao preço-teto de R$ 225/MWh. 

O governo federal contratou 743 MW de usinas a gás natural no Leilão de Reserva de Capacidade, realizado no último dia 30 de setembro. Se o volume de energia contratada pelo leilão, de 670 MW médios, fosse atendido por novas usinas solares, seriam adicionados 2,7 GW de potência na matriz elétrica brasileira, atraindo R$ 10 bilhões, volume R$ 5,8 bilhões superior aos aportes gerados pelas termelétricas. 

O diretor técnico-regulatório da Absolar, Carlos Dornellas, ressalta ainda que os empreendimentos fotovoltaicos possuem preços altamente competitivos, que ajudam a reduzir a conta de luz dos brasileiros. “Também não utilizam água e evitam as emissões de poluentes e gases de efeito estufa, além de serem ágeis e versáteis para entrar em operação, precisando de menos de 18 meses desde o leilão até o início da geração de energia elétrica”, diz.    

A concorrência exclusiva para térmicas a gás é fruto do “jabuti” – emenda não relacionada diretamente com a proposição original – inserido na Lei 14.182/2021, que viabilizou a capitalização da Eletrobras. A emenda determina a contratação de 8 GW de usinas termelétricas em todas as regiões do país, ancorando a ampliação da rede de gasodutos para novos territórios.

Para o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, a contratação de energia termelétrica fóssil e poluente, a preços duas vezes maiores do que as renováveis, é um contrassenso e um retrocesso para o Brasil. “Trata-se de uma oportunidade perdida que onera o consumidor brasileiro e deixa de gerar até 81 mil novos empregos que o setor solar poderia trazer aos país”, comenta.